quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A conversão do rasgador de panfleto

Em uma bela cidade
Do nosso Brasil varonil
Houve um fato interessante
Que muito repercutiu
Foi no meio evangélico
A maior repercussão
Um moço testemunhava
Sobre sua conversão
E como foi que colocou
Jesus em seu coração

Um crente evangelizava
Pelas ruas da cidade
Entregando literatura
Anunciando a verdade
Com um moço encontrava-se
Como quem vem do trabalho
E naquele itinerário
Todo dia, no horário
O crente lhe entregava
O panfleto literário

O moço não se agradava
Com cara feia rasgava
Sem nenhuma educação
Jogava na rua e saia
E muita gente assistia
A sua ingratidão
Mais sempre que encontrava
Esta mesma criatura
O crente lhe entregava
A fiel literatura

Um dia o moço pegou
O panfleto ofertado
Rasgou em pedacinhos
E jogou bem para o alto
E foi pra casa contente
Por ter mais uma vez
Rasgado a literatura
Que tanto lhe incomodava
Quando o crente entregava
Pra ele naquela rua

Mais assim que aquele moço
Em sua casa chegou
Tirou a camisa e jogou
Em um canto do seu quarto
Do seu bolso lá voou
Um pedaço de papel
O moço então pegou
Mais para surpresa sua
Era um dos pedacinhos
Daquela literatura

O moço resolveu lê
No quarto sem ninguém ver
O que estava escrito
E ficou muito à-vontade
Longe do crente e amigos
Mais algo lhe atraiu
No pedaço de papel
E sem que alguém visse
Leu que tava escrita
A frase, Jesus disse

Jesus disse, Jesus disse
Repetia sem parar
Jesus disse, Jesus disse
No banheiro a banhar
Jesus disse, Jesus disse
Na mesa ao jantar
Jesus disse, Jesus disse
Na cama ao deitar
Jesus disse, Jesus disse
Ele ficava a falar

Dormiu e assim sonhava
Repetindo a mesma frase
Jesus disse, Jesus disse
Em sua mente falava
E amanhecendo o dia
Consigo se surpreendeu
Pois ele não entendeu
O que tava acontecendo
Jesus disse, Jesus disse
Ele continuava dizendo

E quase em desespero
Resolveu falar ligeiro
E o que foi que Jesus disse
Agora quero saber
Vou falar com aquele crente
E ele vai me dizer
E saiu para o trabalho
Na manhã daquele dia
Jesus disse, Jesus disse
Em sua mente fluía

E quando chegou o horário
Fez o mesmo itinerário
E encontrou o irmão
Entregando literatura
Cumprindo sua missão
E o moço lhe parou
E pediu sua atenção
O que foi que Jesus disse
Pois minha mente insiste
E arde meu coração

E o crente ouviu sua história
Deu aleluia e glorias
E disse eu vou dizer
O que foi que Jesus disse
Para mim e pra você
Esta escrito na Bíblia
Jesus disse eu sou o caminho
A verdade e a vida
E ainda falou assim
Sou o princípio e o fim

Jesus disse e eu te digo
Falo-te de coração
Entrai pela porta estreita
Porque larga e a porta
Que conduz a perdição
Jesus disse e eu te digo
Usando de muita calma
Que aproveita ao homem
Ganhar o mundo inteiro
E perde a sua alma

Jesus disse e eu te digo
Vinde a mim todos os cansados
Maltratados e oprimidos
E disse mais, com atenção
Tomai sobre vos o meu jugo
E aprendei de mim que sou manso
E humilde de coração
E ainda disse com amor
Quem rejeita a mim
Rejeita quem me enviou

O crente continuou
Dizendo o que Jesus disse
O moço se convenceu
O que Jesus disse ele creu
Depois falou para o crente
Um novo crente sou eu
E foi assim meus leitores
Como acabaste de ler
Que o rasgador de panfleto
Veio a se converter
FIM
AUTOR João Batista Menezes Nascimento

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Procura-se uma Igreja Velha

  • Pr. Adelino Ferreira   in Blog do Pr. Adelino



No passado, éramos chamados de 'crentes' e éramos respeitados. Eu tinha 16 anos, trabalhava num escritório, na 7 de Setembro, no Rio. Numa noite, roubaram o cofre da empresa. A polícia veio investigar. Fim do expediente, eu precisava sair porque estudava. Um policial disse: 'Deixa o menino ir. Ele é crente e crente não faz isso'.Não era eu, como pessoa. Eram os crentes. Acima de suspeita.
Depois viramos 'evangélicos'. Alguns são ' gospel'.
Mas quando éramos respeitados, o caráter era trabalhado em nossas igrejas.
A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual... Daí para o poder material e político foi um passo, porque não era o quebrantamento espiritual, mas poder espiritual para dominar.
Nesta busca de poder, o que nos limitava foi posto de lado, pouco a pouco, a Bíblia.
Porque ela estabelece padrões e limites.
Foi substituída por uma enxurrada de revelações, de profecias, de era do Espírito, onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como palavra divina. 
O senso crítico se esvaiu.
De pastor passou-se a bispo. De bispo a primaz. De primaz a apóstolo. De apóstolo a pai apóstolo. 
Uma megalomania que evidencia desequilíbrio gravíssimo. Como há desequilibrados em nossas igrejas!
O evangelho produz saúde, não doença!
Quem chama à sanidade espiritual e emocional é frio, ressentido porque o rebanho não cresce.
A ética cedeu à celebração.
Vale mais o culto festivo que o culto reflexivo, de análise da vida diante de Deus, de conserto, de afirmação de valores. 
O narcisismo é chocante.
Pasmei num congresso em que preguei. Um típico programa de auditório: música pauleira e manipulação. A entrada do cantor em palco foi doentia. Luzes apagadas, rufar de instrumentos, luzes sobre ele, de cabeça baixa, até levantá-la em ar triunfal.
E a gritaria. Senti-me fisicamente mal. E envergonhado. 
Não foi isso que aprendi na Bíblia.
A Convenção eclesiastica em que faço parte, em excelente documento, pede um Brasil novo, à luz dos gravíssimos casos de corrupção no país.
Mas junto com o Brasil novo precisamos clamar por 'uma igreja velha'.
Uma igreja velha, sim. Uma igreja antiga.
Uma igreja em que a Bíblia seja pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição.
Uma igreja velha em que evangelizemos, e não agridamos.
Em que aceitemos o crescimento dado pelo Espírito, e não o de 'marketing'.
Uma igreja velha, onde caráter seja mais importante que os nomes de figurões usados para adornar a igreja.
Uma igreja velha em que o evangelho não ceda lugar à convivência amiga, sem contestações e sem exigências, 'porque precisamos atrair as pessoas'.
Uma igreja velha que pregue Jesus e não política.
E que não chame de 'alienados' os que pregam que 'Jesus salva' e que só Jesus pode mudar o mundo.
Que minha igreja, que aprendi a amar, seja uma igreja velha. Cheia de 'crentes' e não de ' gospéis' (céus!).
Se ela não quiser, este pastor maduro, que se sente 'velho', terá que buscar uma 'igreja velha'.
Mas está tão difícil achar crentes 'velhos' e 'igrejas velhas'!